Dias atrás passei parte da manhã na Microsoft Brasil conversando com o Eduardo Campos de Oliveira, gerente geral de Office, sobre o Novo Office, nome oficial do que a imprensa mundial vem chamando de Office 2013. “A suíte não vai ser datada”, me disse ele. Só os produtos, separadamente, receberão o ano de lançamento ao lado do nome: Word 2012, Excel 2013, e assim por diante.
Pois bem…
O Novo Office dará início a um período de transição na Microsoft, de uma empresa de software para uma empresa de dispositivos e soluções, me disse o Edu Campos. Na hora, me lembrei do recente lançamento do Surface (híbrido de tablet e notebook) e da conversa que tive em dezembro do ano passado, no almoço de fim de ano da Microsoft com a imprensa, com o presidente da companhia no Brasil, Michel Levy. “A Microsoft está em um processo de migração para o mercado de serviço, onde software passa a ser um meio e não um fim”, me disse Levy na ocasião. “Fala-se muito da era Pós-PC. Nós na Microsoft estamos vivendo a era Pós-pós-PC, na qual reconhecemos que há uma multiplicidade de dispositivos dos mais diversos formatos através dos quais empresas e pessoas consomem serviço a nuvem”, explica ele.
Nesse cenário no qual você precisa ter dispositivos, servidores, banda larga e aplicativos, segundo ele, a Microsoft pretende ser uma fornecedora de serviços e aplicações. “Isso muda até a forma com que a gente mede o mercado hoje. A venda de software deixará de mais um parâmetro para a Microsoft. Em 10 anos vamos vender só serviço. Hoje, já estamos prontos para atender ambientes híbridos, onde parte da solução está na nuvem privada, parte na nuvem pública e parte ainda rodando na sua própria infraestrutura, no seus próprios servidores”, explicou Levy.
Ouvindo o Edu Campos falar comecei a perceber que o Novo Office era o primeiro produto de consumo da empresa a endereçar essa nova orientação: um serviço fácil de usar e simples de adquirir. Segundo o executivo, o Novo Office ainda será vendido no formato caixa, para quem quiser, para uso em um único dispositivo, mediante o pagamento de uma licença perpétua, mas também será vendido através de assinaturas anuais na nuvem, para uso multi-dispositivo. “Cada vez mais vamos incentivar o consumidor a migrar para o modelo de assinatura, na nuvem, onde ele terá acesso a mais recursos”, explica Edu Campos.
Nos Estados Unidos, ainda que a data oficial de lançamento do Novo Office não tenha sido anunciada, a empresa já revelou os preços das versões do produto: as do pacote licenciados, vendidas como caixas e batizadas de Office Home & Student, Office Home & Business e Office Professional, custarão 140, 220 e 400 dólares, respectivamente. Valores de 10% e 17% maiores que os das licenças perpétuas do Office 2010. Foi a primeira vez que a Microsoft aumentou o preço do Office, pelo menos desde 2001, quando estreou o Office XP. E isso foi encarado pelo o mercado como uma tentativa da empresa de empurrar os consumidores para o modelo de assinatura, na nuvem, já disponível com o Office 365.
As versões para assinatura do Novo Office, chamadas Office 365 Home Premium e Office Premium 365 Small Business, custarão 100 dólares para toda a família e 150 dólares por funcionário, respectivamente, para planos anuais. O software é baixado de um data center da Microsoft. O assinante do Office Premium 365 Small Business tem o direito de instalar a suíte em até cinco dispositivos Windows 7, Windows 8 ou computadores Mac OS. Já a versão Office 365 Home Premium permite que várias pessoas na casa possam usar a suíte, cada uma com a sua própria conta. A versão Home inclui ainda 20G bytes de armazenamento no SkyDrive online, e 60 minutos de telefonia IP do Skype por mês. Configurações, preferências e documentos podem ser sincronizados através da nuvem entre os diferentes dispositivos incluídos na assinatura. Um recurso chamado Office on Demand permite aos usuários transmitirem a suíte para um dispositivo conectado à Internet, não incluído na assinatura, para um determinado tempo de uso, como quando os usuários estão viajando e usando um PC hotel. Quando você termina de usar o programa ele desaparece do PC, mas todos os arquivos que você criou ou modificou permanecem no Skydrive, onde você os salvou.
Aqui no Brasil, segundo Edu Campos, a Microsoft ainda não tem os preços definidos, mas ressalta que as versões serão as mesmas. E que, também como lá fora, só as versões por assinatura serão multi-dipositivo e multiplataforma, “com o maior nível de sofisticação, mais recursos, em dispositivos Windows 8 e Windows Phone 8″.
A característica multiplataforma foi a que me chamou mais atenção. O Novo Office tornará ainda mais simples o trabalho colaborativo e o compartilhamento de documentos entre usuários Office e não usuários Office. Através do uso de serviços como o Windows Live, Skydrive e servidores Lync, Exchange e Web Apps, por exemplo, será possível a realização de reuniões com diversos membros remotos, participando via teleconferência por vídeo ou somente voz,vários deles interagindo com os documentos colaborativos, caso estejam usando computadores ou tablets Windows 8 ou iOS, ou apenas assistindo a uma apresentação, caso estejam usando smartphones, qualquer que seja o sistema operacional (um passo além do que já permite hoje o Office 2010, com o recurso “Transmitir Apresentações”). A Microsoft afirma que qualquer recurso do Office 365 que possa ser acessado em um navegador irá funcionar em aparelhos com Windows Phone 7.5 em diante, iOS 5.0 em diante e Android 4.0 em diante.
Já imaginou transmitir a apresentação da aula ou do seminário para todos os alunos ou participantes que tenham tablet e smartphone, para que possam acompanhar melhor o conteúdo? A Microsoft não só está melhorando a experiência de visualização dos documentos Office na maioria dos smartphones, mas também tornando a exibição do documento mais sensível ao toque em navegadores mais usados em muitos smartphones. A intenção é tornar mais fácil acessar e ler documentos do Office no SkyDrive ou o Office 365 se você estiver usando um um tablet ou um smartphone, controlando tudo com o dedo.
O Novo Office também terá integração com o Facebook, Flickr, YouTube e por aí vai…
Não à toa, o Novo Office é considerado “a maior e mais ambiciosa versão do Office” até hoje. O Office Web APPs que o diga! O One Note e o PowerPoint já contam com o recurso (veja a apresentação abaixo, em inglês).
Infelizmente, muitos desses recursos ainda não estão disponíveis no Novo Office Custumer Preview, plataforma de teste do Novo Office para usuários Windows.
Bom, talvez por ter sido apresentada ao Novo Office da forma como fui tenha me chamado tanto a atenção a última carta anual do CEO, Steve Ballmer, para os acionistas. “Fantásticos dispositivos e serviços para o usuário final irão conduzir nossos negócios corporativos pra frente, dado o fato de que os empregados têm cada vez mais influência na tecnologia que utilizam no trabalho, tendência chamada de Consumerização de TI”, diz ele na carta. O Office, definitivamente, é um deles. “Como podemos desenvolver e atualizar nossos serviços de consumo, nós vamos fazê-lo de forma a tirar o máximo proveito dos avanços de hardware, que complementam um ao outro e que unificam todos os dispositivos que as pessoas usam diariamente”, prossegue o texto.
“É verdadeiramente uma nova Era na Microsoft. Uma mudança significativa, tanto no que fazemos quanto no modo como nos enxergamos – uma empresa de serviços e dispositivos”, diz Ballmer. E está corretíssimo. Ballmer sabe o tamanho do desafio da Microsoft nesta fase de transição. Edu Campos, também. “Estamos apenas no início de uma grande transformação. Demos um salto, inovamos, como todos queriam”, diz ele, lembrando que a Microsoft é persistente e saberá conduzir o ecossistema na tarefa de encantar os consumidores e conquistá-los.
A preparação da chegada do Novo Office já inclui a atualização e o treinamento dos profissionais que ministram cursos especializados em informática, Brasil afora, e a abertura de canais oficiais do produto no Facebook, no Twitter e no YouTube, com dicas práticas de uso.
Segundo a Microsoft.o Novo Office começa a ser entregue aos usuários corporativos no próximo mês, com lançamento em larga escala planejado para o início do próximo ano. É esperar para ver.