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HTML 5: vilão ou uma boa desculpa para o Facebook?

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Entre muitos CIOs pressionados pela urgência no desenvolvimento de aplicações móveis, a dúvida é muito comum: optar pelo HTML 5 ou investir em aplicativos nativos para cada sistema operacional móvel?

Esta semana, os adeptos dos aplicativos nativos ganharam um argumento de peso. Em sua primeira fala pública após o IPO do Facebook, com as ações da rede social perdendo valor dia após dia, Mark Zuckerberg disparou sua artilharia para cima do HTML 5, atribuindo à escolha pela tecnologia o atraso da rede social nas plataformas móveis. “Queimamos dois anos”, disse.

Segundo Zuck, uma dos maiores erros do Facebook como empresa foi apostar muito no HTML5 em vez de em código nativo. A nova estratégia para transformar o Facebook em uma empresa de publicidade móvel, nos próximos três anos, é o desenvolvimento de de um aplicativo nativo para aparelhos Android com as mesmas capacidades do aplicativo nativo disponível para o iPhone, lançado em meados de agosto.

Zuckerberg tem razão ao atribuir o atraso no desenvolvimento mobile da rede social à opção pelo HTML 5? O debate está aberto. Mas, de um modo geral, o sentimento de quem entende do riscado, e até prefere o código nativo, foi o de Zuck recorreu a uma meia verdade e a usou como grande desculpa para acalmar os investidores e forçar uma pequena recuperação no valor das ações para movimentar o mercado.

Dá só uma olhadinha na provocação que fiz, ontem, usando o próprio Facebook.

Screen Shot 2012-09-13 at 8.18.33 AM

Há algum fundamento na fala do CEO do Facebook? Há. Qual?

“A opção pelo HTML 5 de fato tem limitações, principalmente quanto às integrações mais finas que o código nativo proporciona”, afirma Roberto Dariva, CEO da Navita, para quem o grande problema da rede social não é a opção pelo HTML 5 em si, mas a falta de uma estratégia de mobilidade clara. Sem uma estratégia definida, fica muito difícil saber qual o melhor caminho, se desenvolver em código nativo ou optar pelo HTML 5.

“A opção por código nativo ou HTML 5 depende muito da necessidade do aplicativo. Se não necessitarem de muitos dados fornecidos pelo sistema do aparelho, aplicativos multiplataforma que possam fazer uso dos navegadores disponíveis nos aparelhos podem ser feitos em HTML 5. É um desenvolvimento mais simples e mais barato. Você desenvolve uma única vez, para todos os OS”, explica Dariva.

Trocando em miúdos, a principal vantagem desse modelo é que ele é do tipo “escreva uma vez, transporte para qualquer lugar” ou perto disso. Adaptar para diferentes tipos de equipamentos móveis é fácil. E os programadores podem usar linguagens familiares de web, como o HTML. Portanto, empresas que lidam diretamente com consumidores, como o Facebook, não têm muitas alternativas a não ser dar suporte a múltiplas plataformas. É natural, portanto, que a opção pelo desenvolvimento HTML 5 seja considerada.

Mas se houver a a necessidade de uma integração maior com a plataforma, então o melhor caminho é o código nativo. “Temos um aplicativo aqui que monitora todo o consumo de voz, dados e SMS do usuário. Esse tem que ser feito em código nativo”, completa Dariva. Aplicativos desenvolvidos em HTML 5  não conseguem tirar vantagem dos recursos dos smartphones e tablets, como GPS e múltiplas câmeras. Para isso, é preciso escrever diferentes versões de cada aplicação usando linguagens de programação, plug-ins e APIs específicas para equipamentos móveis, seja um iPhone ou uma versão específica de Android.

Pensou em publicidade geolocalizada? Em rastrear o que as pessoas fazem nos apps, além do que já é possível fazer hoje com o Facebook Connect, para direcionar publicidade segmentada? A opção pelo código nativo dá maior controle dono de aplicativo que o desenvolvimento em HTML 5.

Que o digam a Apple e a Google. Em 2009 a Google comprou a empresa Admob pensando em vender publicidade nso dispositivos iOS . Mais ou menos na mesma época, a Apple adquiriu a Quattro, concorrente do AdMob, para criar a sua própria rede de propaganda, a iAd.

Há dois ano, o Facebook estava muito focado na Web e não em publicidade móvel. Portanto…

Só agora a rede social prepara uma estratégia de publicidade móvel baseada no uso de APPs. Razão pela qual a opção por HTML 5 precise ser obrigatoriamente descartada, sob pena de comprometer a geração de receitas cruciais para a empresa.

A opção por APPs de código nativo não é garantia de sucesso. Mas é o caminho correto.

A ver.


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